Literatura, recordações e secas: Graciliano Ramos, Delmiro Gouveia e representações do sertão
Literatura, recordações e secas: Graciliano Ramos, Delmiro Gouveia e representações do sertão Em uma crônica escrita nos anos 30, Graciliano Ramos (1892-1953) avaliava as possíveis relações entre as secas no Nordeste e o parco desenvolvimento da economia regional. Segundo ele, o cidadão estrangeiro que não tivesse informações sobre o Brasil, que desconhecesse o país e lesse “um dos livros que a nossa literatura referente à seca tem produzido, literatura já bem vasta, graças a Deus, imaginaria que aquela parte da terra que vai da serra Ibiapaba a Sergipe, é deserta, uma espécie de Saara”. Como outros literatos e jornalistas, o autor não disfarçava o descontentamento com as impressões negativas transmitidas pela região. Atribuía isto ao trabalho dos ficcionistas do século XIX e criticava o enfoque demasiadamente romântico conferido à seca, em detrimento de outros fatores de penúria local: “certamente há demasiada miséria no sertão, como em toda a parte, mas não é indispensável que a