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Mostrando postagens de junho, 2008

O CONSERTADOR DE PIANOS

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Dilton Maynard Já faz muito tempo. Nos dias brabos da Guerra ele ganhou notoriedade. Contam os mais velhos, ainda assustados, que um alemão andou aprontando em Aracaju. Era um sujeito alto, comprido, um varapau mesmo. Branco, muito branco. Envergava um terno amarronzado quase todos os dias da semana, à exceção de quando resolvia dar um passeio. Quando isso ocorria, costumeiramente aos sábados, ficava em mangas de camisa, enterrava as mãos nos bolsos das calças de linho azul marinho e saía. Descia a Barão de Maruim, dobrava e caminhava um pouquinho, se arrastando até as balaustradas da Ponte do Imperador. Ali, de frente pro rio, se punha a olhar o movimento das embarcações, comendo pipoca com manteiga farta. Pregava os olhos e se lambuzava com o horizonte, esperando o sol ir embora. De onde estava, ficava. Nem um passo a mais nesse ritual. E como incomodava a quem também resolvia ir por ali. Ríspido, servia um olhar esnobe e econômico a todo aquele que, por acaso, se aproximasse dispost

Cidade Alerta! Aracaju nos tempos da II Guerra Mundial

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Dilton Maynard “Alerta! Às dez horas e quarenta e cinco minutos, precisamente, as sirenes e os sinos das igrejas emitiram sinais de alerta. Eram aviões inimigos que se aproximavam da cidade, pelo lado do mar. Os alertadores e vigilantes da Defesa Passiva entraram em ação. Começou a agitação popular. Uns corriam para os abrigos, outros amparavam-se sob as marquises ou penetravam nas casas mais próximas. Casas comerciais e residenciais fechavam-se mas tudo na melhor ordem possível, de modo que, dentro de cinco minutos, havia cessado completamente todo o movimento da cidade. As ruas ficaram desertas e por quanto podiam fazê-lo, em ocasiões que tais. Exatamente às onze horas e dez minutos, começa a ofensiva aerea, sempre energicamente repelida pela defesa ativa da cidade, a cargo do valoroso e disciplinado 28º B. C. , ora sob o comando do Cel. Gilberto Freitas. O Banco do Brasil, o prédio do “Sergipe- Jornal” e a Estação Ferroviária são atacados mas as baterias antiaéreas instaladas nos a

O Fazendeiro e o Caixão

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Dilton Maynard “Morrer e ser enterrado em rede não é destino pra um cristão que se preze”, tocava a comentar com as pessoas na mercearia – única, por sinal – do povoado próximo à sua fazenda. Mandava pra dentro dois ou três goles de aguardente, mirava o chão e cuspia com força. Defendia então a necessidade da região se desenvolver, parar com esta dependência frente à capital. Era urgente progredir.Pelo que dizem, o homem era um precavido. De tanto temer ser enterrado em rede, comprou antecipadamente um caixão.Era uma peça única aquela urna. A madeira reluzente, as alças prateadas, enfeitadas com leões boquiabertos, coisa boa mesmo. Havia entalhes com rosas, ramos e um crucifixo, pregado pouco abaixo da escotilha pela qual o rosto do defunto poderia ser visto. Uma obra de arte, uma verdadeira obra de arte.O ataúde foi guardado na casa-grande, no banheiro. Ficava num canto escuro, sobre a caixa d`água, protegido por duas cobertas velhas. Às vezes, o homem retirava os panos e exibia, com