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WikiLeaks - ou os poderosos também temem!

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por: Francisco Carlos Teixeira Da Silva Professor Titular de História Moderna e Contemporânea/UFRJ Logo que a notícia circulou dando conta que a rede diplomática americana – entre outras instituições – havia sido rompida e que importantes “segredos de Estado” americanos viriam à público, a mídia internacional buscou os aspectos mais sensacionais e comprometedores dos “telegramas” diplomáticos americanos. Tratava-se da publicação, sem censura, dos relatórios enviados pelo pessoal diplomático americano – a maior rede de diplomacia do mundo – para o departamento de Estado (equivalente de ministério do exterior) em Washington. Sendo material para informar a formulação da politica externa americana era, por sua própria natureza, material secreto e, quase sempre, indiscreto. Sem dúvida o material mais sensível – despacho da secretária de Estado Hillary Clinton com o Presidente Obama ou os debates do Conselho de Segurança Nacional – não estava em risco. Tratava-se, tão somente, da corre

A Ciberguerra do Wikileaks

Por Manuel Castells em 15/12/2010 Reproduzido do La Vanguardia , 11/12/10, tradução de Eduardo Graeff ( www.eagora.org.br ); intertítulos do OI Como documentei no meu livro Comunicação e Poder , o poder se baseia no controle da comunicação. A reação histérica dos Estados Unidos e outros governos contra o Wikileaks confirma isso. Entramos numa nova fase da comunicação política. Não tanto porque se revelem segredos ou fofocas como porque eles se espalham por um canal que escapa aos aparatos de poder.  O vazamento de confidências é a fonte do jornalismo de investigação com que sonha qualquer meio de comunicação em busca de furos. Desde Bob Woodward e sua "Garganta Profunda" no Washington Post até as campanhas de Pedro J. [ Ramírez, fundador do diário El Mundo ] na política espanhola, a difusão da informação supostamente secreta é prática usual protegida pela liberdade de imprensa. A diferença é que os meios de comunicação estão inscritos num contexto empresarial e político

Hacktivismo no Futuro do Pretérito

Daniel Santiago Chaves Com o progressivo transcorrer do aparentemente inesgotável século XX e a chegada da Era da Informação, prenunciou-se o fim do capitalismo industrialista e da sociedade centralmente estabelecida em produção manufatureira em larga escala serial. Decorrente transformação e posfácio da era das luzes, de tudo se esperou e restava cada vez mais a convicção do futuro no conhecimento: de Peter Drucker a Daniel Bell, a sociologia das organizações começou a progressivamente atentar para a vanguarda do que hoje nós conhecemos como o amplo conceito de cibercultura. Essa cultura cibernética, que assumia formatações distantes que variavam desde organogramas das então inovadoras empresas ‘multinacionais’ até o universo cyberpunk de William Gibson – passando por ingênuas noções universalistas de Aldeia Global, como diria Marshall McLuhan – estava profundamente firmada na tradição moderna e republicana de liberdade, fraternidade e igualdade, pensara Pierre Lévy. Assim sendo

A Internet virou Campo de Batalha

Dilton Maynard Há quase uma década atrás, Bill Gates, escreveu um livro visionário. Nele, o Senhor da Microsoft afirmou sobre a Internet: “pessoas com interesses parecidos poderão encontrar-se eletronicamente e organizar-se sem esforço físico algum.Vai ser tão fácil organizar um movimento político que nenhuma causa será pequena e dispersa demais”. Gates tinha razão. A Internet virou campo de batalha. A rede mundial de computadores comporta hoje uma espécie de “terrorismo virtual”. Em março de 2001, o site da TV árabe Al-Jazeera foi retirado do ar. Quem acessasse a página da polêmica emissora, era (re)direcionado a um web site contendo uma bandeira americana. O motivo: ataques coordenados por “crackers” norte-americanos. Pouco tempo depois, em maio do mesmo ano, ao menos três ataques foram desferidos contra o endereço IP 198.137.240.91 - correpondente ao domínio www1.whitehouse.gov - o site da Casa Branca. Num deles, “hackers” chineses colocaram a foto do piloto Wang Wei, morto em

A esperança de chuteiras

Dilton Maynard (GET/UFS/CNPq) A cena não poderia ser mais humilhante. Parado na linha do gol, com o pé sobre a bola, após ter deixado para trás toda a defesa adversária, até mesmo o confuso goleiro, que engatinhava desesperado de volta às traves, o moço observava. Quando todos esperavam o gol, o lance inesperado: com um sorriso indisfarçável, o atleta mirou o centro do campo e recolocou a bola em jogo. Castigava seu adversário não fazendo o sexto gol. Trata-se, sem dúvida, de uma atitude ousada, debochada. Este tipo de jogada normalmente acarreta para um jogador críticas e, muitas vezes, pontapés dos adversários. Mas, o que dizer de alguém que, numa cidade ocupada pelos alemães durante a II Guerra, adotou tal postura diante de um time de nazistas, num jogo apitado por um oficial da SS (Schutzstaffel, tropa de proteção) considerada a “guarda pretoriana” de Hitler? Esta é uma das narrativas presentes no livro Futebol & Guerra, de Andy Dougan (Jorge Zahar, 2004). Originalme

Mais aventuras na boemia sergipana

Dilton Maynard Parte da história da comunicação em Sergipe passa pelos alto falantes do Carro de Propaganda Guarany. O veículo pertencia a Augusto Luz, dono de alguns estabelecimentos, como o cinema Guarany e mesmo uma farmácia. Luz era figura conhecida na cidade. Ele tinha como sócio Cláudio Silva, que também participava do negócio como locutor. A aparelhagem, vinda de Ohio (USA), era única em Sergipe. Foi dos alto falantes do Carro que João Melo e Carnera, personagens centrais na vida cultural da Aracaju nos anos 1930 e 1940, cantaram juntos para grande público pela primeira vez. Os dois rapazes não deixaram a desejar. João Melo, por exemplo, recebeu o convite para uma pequena temporada. Mas, o que aparentemente atestaria o seu potencial artístico, só alimentou o descontentamento e a preocupação dos seus pais, que sonhavam ver o filho formado em Medicina. O convite feito era para cantar num cabaré. Todavia não se pode negar que o estabelecimento tinha um nome bastante pomposo: “C