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O Fazendeiro e o Caixão
Dilton Maynard “Morrer e ser enterrado em rede não é destino pra um cristão que se preze”, tocava a comentar com as pessoas na mercearia – única, por sinal – do povoado próximo à sua fazenda. Mandava pra dentro dois ou três goles de aguardente, mirava o chão e cuspia com força. Defendia então a necessidade da região se desenvolver, parar com esta dependência frente à capital. Era urgente progredir.Pelo que dizem, o homem era um precavido. De tanto temer ser enterrado em rede, comprou antecipadamente um caixão.Era uma peça única aquela urna. A madeira reluzente, as alças prateadas, enfeitadas com leões boquiabertos, coisa boa mesmo. Havia entalhes com rosas, ramos e um crucifixo, pregado pouco abaixo da escotilha pela qual o rosto do defunto poderia ser visto. Uma obra de arte, uma verdadeira obra de arte.O ataúde foi guardado na casa-grande, no banheiro. Ficava num canto escuro, sobre a caixa d`água, protegido por duas cobertas velhas. Às vezes, o homem retirava os panos e exibia, com
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