O surgimento da radiodifusão em Sergipe (2): alguns programas da rádio PRJ-6


A atenção conferida aos programas caminhava em paralelo com o zelo da PRJ-6 em promover a diversificação temática que, de modo aparentemente “ocasional”, conquistassem um público mais amplo do que aquele obtido pelas palestras unicamente doutrinárias, preocupados em divulgar a ideologia do regime. Assim sendo, um halo de "inocência" envolvia inúmeros programas. A partir desta suposta inocência, os novos tempos trazidos pelo Estado Novo se justificavam. Programas como Poesias e Penumbra, Ternura, A Voz do Estudante, entre outros, eram tentativas de compensar as palestras enfadonhas. Reduzidas estas alternativas, atrações como as "pelejas" futebolísticas ganharam atenção.
A tônica das atrações citadas acima era apresentar uma programação que se propunha simultaneamente educativa e divertida. Irradiado às quintas-feiras, Poesias e Penumbra é mencionado como um programa voltado a divulgar a "poesia moça de Sergipe". Informa o anúncio da coluna Palco-Estúdio, assinada por Rubem Vergara: "Sintonizem todas as quintas-feiras a Radio Difusora de Sergipe e ouçam Poesia e Penumbra, um programa feito com a poesia moça de Sergipe. Ontem, às 21:50 foi apresentado (sic) versos de José Sampaio, a mais legítima expressão da moderna poesia brasileira". Ou "lembramos aos nossos leitores o programa da Radio Nacional de todos os domingos "Romance Musical", apresentado sempre às 13 horas"
[i].
Assim, cabia na grade do programa a leitura de versos, comentários sobre estes e seus respectivos autores, apresentando ao ouvinte os novos nomes da poesia local. Numa linha muito parecida, Ternura (exibido no mesmo dia de Poesias e Penumbra) era um programa que mesclava a irradiação de músicas com literatura. A nota de jornal esclarece que: "Ternura é uma bonita audição da PRJ-6 e oferecida aos seus ouvintes todas as quintas-feiras às 22 horas. É um programa para você sonhar. Boa música e boa literatura"
[ii].
Por seu turno, A Voz do Estudante era considerado um espaço para a classe estudantil, sendo apresentado por colegiais numa espécie de "versão falada" do jornalzinho elaborado pelos estudantes e que circulava por algumas instituições de Aracaju.



[i] VERGARA, Rubem. Correio de Aracaju. Aracaju, 6 jul. 1945. p. 04. PALCO-STUDIO.
[ii] VERGARA, Rubem. Correio de Aracaju. Aracaju, 6 jul. 1945. p. 04. PALCO-STUDIO.

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